O CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano) através de seu Setor para a Justiça e a Solidariedade (Dejusol) foi reconhecido como consultor pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para o período de 2017-2025. A decisão foi tomada durante a IV Conferência mundial sobre o trabalho infantil, que aconteceu recentemente em Buenos Aires, capital da Argentina. Uma nota publicada no site do CLAM destaca o primeiro objetivo deste acordo: “Ser voz profética em favor da dignidade da infância latino-americana, em favor do direito por uma vida plena e em abundância, fazendo apelo a toda a sociedade para arrancar as causas estruturais que provocam o trabalho infantil”. Outro objetivo é o de promover o respeito e a ternura nas relações entre adultos e crianças, inserindo o trabalho infantil como o resultado das práticas violentas e injustas que mantém o continente refém da pobreza. Para Elvy Monzant, secretário executivo do Dejusol, o acordo entre o CELAM e a OIT fortalece a ideia que “como Igreja assumimos uma clara posição sobre o tema do trabalho infantil e levantamos nossa voz”.
O salesiano padre Alejandro Cussianovich, professorana Universidade San Marcos de Lima (Peru) e consultor mundial sobre o tema do protagonismo da infância e adolescência, integra o grupo de trabalho organizado pelo CELAM. Explica que: “se trata de uma responsabilidade muito séria num tema muito espinhoso. Temos como Igreja que assumir a urgência de mostrar uma vocação profética e fazer isto com humildade, mas também com prudência audácia que é dom do Espírito”. Acrescenta Cussianovich: “A pedagogia da ternura representa um apelo para que nas relações educativas o que se atribui à afetividade seja uma componente obrigatória nos necessários processos de humanização da nossa condição humana. Nos contextos de permanentes de violação dos direitos humanos se impõe exigir o amor e sua expressão na ternura como uma autêntica e necessária virtude política”.
Cristiano Morsolin, perito de direitos humanos na América Latina, comenta: “O reconhecimento da OIT ao trabalho e ao compromisso assumidos pelo CELAM representa um importante reconhecimento e momento de diálogo por causa de tantas experiências de base, como a Pastoral da Criança no Brasil e o movimento das Crianças Trabalhadoras como o peruano Manthoc. Trata-se de uma contribuição importante para interpretar o fenômeno complexo do trabalho infantil na ótica da dívida social para com a infância e a adolescência, historicamente marginalizada na América Latina, como lembra sempre Para Francisco”.
Fonte: Catolicos