Perdoa-nos as nossas ofensas, concede-nos a tua paz
Neste artigo vamos comentar a Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz, publicada tradicionalmente por ocasião do dia 1º de janeiro, alusivo à data. A mensagem tem como título “Perdoa-nos as nossas ofensas, concede-nos a tua paz”. Vamos comentar alguns tópicos do texto recomendando a sua leitura integral, um texto, formativo, reflexivo e de orientação espiritual.
O Papa escreve no contexto do ano jubilar, quando os cristãos são motivados a se renovarem na esperança, virtude cristã enraizada no Evangelho de Jesus Cristo. Segundo Francisco, “o jubileu é um acontecimento que enche os corações de esperança”. Ao mesmo tempo convida a escutar o grito da humanidade ameaçada e também da terra ameaçada, fruto daquilo que São João Paulo II denomina estrutura de pecado enraizada no seio da nossa sociedade e contando com uma cumplicidade generalizada para se manter. São situações de pecado as quais devemos pedir perdão ao Pai que nos criou a sua imagem e semelhança e irmãos. A ele dizemos “perdoa-nos as nossas ofensas”.
Cabe escutar com atenção especial o clamor dos migrantes e tantos outros sofredores localizados em diferentes lugares do mundo, vítimas do preconceito, da desinformação e da ganância desenfreada. Diante disso, afirma o Papa: “para nos sentirmos chamados, todos nós, juntos e de modo pessoal, a quebrar as correntes da injustiça para proclamar a justiça de Deus. Alguns atos esporádicos de filantropia não serão suficientes. Em vez disso, são necessárias transformações culturais e estruturais, para que possa haver também uma mudança duradoura”.
Outra preocupação partilhada, segundo a inspiração do ano jubilar, diz respeito as mudanças que devem ocorrer para enfrentar a atual condição de injustiça e desigualdade, recordando-nos que os bens da terra não se destinam apenas a alguns privilegiados, mas a todos. Destaque especial para a necessária mudança cultural que, junto com a estrutural, só acontecerá a partir do reconhecimento de que somos filhos do mesmo Pai e nos reconhecemos devedores a ele e necessários uns aos outros.
Por fim, o Papa Francisco assinala que temos um caminho de esperança, porque ela “superabundante em generosidade, não é calculista, não olha para a contabilidade dos devedores, não se preocupa com o seu próprio lucro, mas tem um único objetivo: levantar os caídos, curar os quebrantados de coração, libertar de todas as formas de escravidão”. Sendo assim, sugere três ações possíveis, a saber, a- consistente redução, se não mesmo no perdão total da dívida internacional, que pesa sobre o destino de muitas nações; b- assuma-se um firme compromisso de promover o respeito pela dignidade da vida humana, desde à concepção até à morte natural; c- utilizemos pelo menos uma percentagem fixa do dinheiro gasto em armamento para a criação de um fundo mundial que elimine definitivamente a fome e facilite a realização de atividades educativas nos países mais pobres que promovam o desenvolvimento sustentável, lutando contra as alterações climáticas.
A esperança está muito próxima da paz. A construção da esperança exige compromisso com a construção de um mundo de paz.
Eliene Honório Morais
Mari Terezinha Mauli
Pe. Ari Antonio dos Reis