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Encontro de Formação de Agentes da Pastoral da Pessoa Idosa (PPI)

Representantes do núcleo das Paróquias de Erechim e de Barão de Cotegipe participaram de Encontro de Formação da Pastoral da Pessoa Idosa no Auditório São José na tarde deste sábado, dia 28 de junho de 2025, véspera da Solenidade de São Pedro e São Paulo e Dia do Papa.

No início do encontro, Dom Adimir Antonio Mazali saudou os participantes, agradeceu-lhes pelo trabalho realizado e os motivou a continuar e a ampliar a Pastoral com os idosos e idosas.

Idesse Santin, da equipe de coordenação, apresentou a assistente social Clari Salete Cenci, coordenadora da Pastoral da Criança e nova integrante da Pastoral da Pessoa Idosa. Ela irá ajudar na elaboração de projetos para o atendimento e cuidado dos idosos. Falou dos projetos que podem ser organizados e da formação de líderes.

Ir. Margarida, coordenadora desta Pastoral, falou da solicitação da coordenação nacional de aumentar o número de Paróquias e de líderes da mesma. Apresentou o novo assessor da Pastoral em nível diocesano, Monsenhor Agostinho Francisco Dors, vigário geral da Diocese. Ele sucede ao Pe. Valter Girelli.

Monsenhor Agostinho encaminhou trabalho de grupos sobre texto do Papa Francisco que enfatiza: Os idosos não devem ser deixados sozinhos, devem viver em família, em comunidade, com o afeto de todos… eles são a memória de um mundo sem memória, e quando uma sociedade perde a memória, acaba. (Discurso de Francisco, no encontro com avós, idosos e netos promovido pela fundação Età Grande, 27 de abril de 2024). No plenário dos grupos destacou-se que os idosos são as pessoas que mais desejam ser ouvidas, amadas, acolhidas e não descartadas.

 

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O texto do Papa Francisco

“LA CAREZZA E IL SORRISO” (O CARINHO E O SORRISO): ENCONTRO COM AVÓS, IDOSOS E NETOS PROMOVIDO PELA FUNDAÇÃO ETÀ GRANDE

 

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO

Sala Paulo VI, sábado, 27 de abril de 2024

 

Saúdo D. Vincenzo Paglia e todos aqueles que colaboraram para organizar este momento de festa. E dirijo um agradecimento especial às numerosas personagens do mundo do espetáculo que quiseram participar. Obrigado! Todos nós temos um avô ou uma avó, dois avôs, duas avós. É uma bela experiência ter um avô. Mas até a Itália tem um “avô”, e por isso quero saudar “o avô da Itália” [Lino Banfi], aqui presente.

É um prazer receber-vos aqui, avós e netos, jovens e menos jovens. Hoje vemos, como diz o Salmo, como é bom estarmos juntos (cf. Sl 133). Basta olhar para vós para o compreender, pois entre vós há amor. E é precisamente sobre isto que gostaria de refletir um pouco: sobre o amor que nos torna melhores, mais ricos e mais sábios em todas as idades.

Primeiro: o amor torna-nos melhores . Também vós o demonstrais, vós que vos tornais melhores entre vós, amando-vos uns aos outros. E digo-vos isto como “avô”, com o desejo de partilhar a fé sempre jovem que une todas as gerações. Também eu a recebi da minha avó, com quem primeiro aprendi a conhecer Jesus, que nos ama, que nunca nos deixa sozinhos e que nos encoraja a estar próximos uns dos outros e a nunca excluir ninguém. Ainda hoje me lembro das primeiras preces que a minha avó me ensinou. Foi com ela que ouvi a história da família com um avô que, porque à mesa já não comia bem e se sujava, foi afastado, posto comer sozinho. E não era algo bom — a avó contou-me esta história — não era algo bom, era muito mau! Então o netinho, continua a história que a minha avó me contava, o netinho começou a trabalhar por alguns dias com o martelo e os pregos e, quando o pai lhe perguntou o que fazia, disse: “Construo uma mesa para ti, a fim de que possas comer sozinho quando fores velho!”. Foi isto que a minha avó me ensinou e nunca mais me esqueci desta história. Também vós não a esqueçais, pois só estando juntos com amor, sem excluir ninguém, nos tornamos melhores, mais humanos!

Não só, mas também nos tornamos mais ricos. E porquê? A nossa sociedade está cheia de pessoas especializadas em muitas coisas, ricas em conhecimentos e meios úteis para todos. No entanto, se não houver partilha e cada um pensar apenas em si próprio, toda a riqueza se perde, tornando-se um empobrecimento da humanidade. E este é um grande risco para o nosso tempo: a pobreza da fragmentação e do egoísmo. A pessoa egoísta julga-se mais importante quando se coloca no centro e dispõe de mais coisas, mais coisas… Mas o egoísta é o mais pobre, porque o egoísmo empobrece. Pensemos, por exemplo, em certas expressões que usamos: quando falamos do “mundo dos jovens”, do “mundo dos velhos”, do “mundo disto e daquilo”… Mas o mundo é um só! E é feito de muitas realidades diferentes, precisamente para nos podermos ajudar e complementar: gerações, povos e todas as diferenças, quando se harmonizam, podem revelar, como faces de um grande diamante, o maravilhoso esplendor do homem e da criação. É também isto que o vosso estar juntos nos ensina: não deixar que a diversidade crie fendas entre nós! Não pulverizar o diamante do amor, o mais lindo tesouro que Deus nos concedeu!

Às vezes ouvimos frases como “pensa em ti!”, “não precisas de ninguém!”. São frases falsas, que enganam as pessoas, levando a pensar que é bom não depender dos outros, ser autossuficiente, viver como ilha, mas estas são atitudes que só criam muita solidão. Por exemplo quando, devido à cultura do descarte, os idosos são deixados sozinhos e devem passar os últimos anos da vida longe de casa e dos entes queridos. O que pensais sobre isto? É bom ou não é bom? Não! Os idosos não devem ser deixados sozinhos, devem viver em família, em comunidade, com o afeto de todos. E se não puderem viver em família, devemos ir visitá-los, estar perto deles. Pensemos por um momento: não é muito melhor um mundo em que ninguém deve ter medo de acabar os seus dias sozinho? É evidente que sim. Construamos, pois, juntos esse mundo, não só elaborando programas de assistência, mas cultivando diferentes projetos de existência, em que o passar dos anos não seja considerada uma perda que diminui alguém, mas um bem que cresce e enriquece todos: e, como tal, que sejam apreciados, não temidos.

E isto leva-nos ao último aspeto: o amor que nos torna mais sábios . É curioso: o amor torna-nos mais sábios. Queridos netos, os vossos avós são a memória de um mundo sem memória, e «quando uma sociedade perde a memória, acaba» (Discurso à Comunidade de Santo Egídio, 15 de junho de 2014). Pergunto: como é uma sociedade que perde a memória? [respondem em coro: “acabada”]. Acabada! Não devemos perder a memória. Ouvi os avós, sobretudo quando vos ensinam com o seu amor e o seu testemunho a cultivar os afetos mais importantes, que não se obtêm à força, não vêm do sucesso, mas enchem a vida.

Não é por acaso que foram dois idosos, gosto de pensar em dois avós, Simeão e Ana, que reconheceram Jesus quando foi levado ao Templo por Maria e José (cf. Lc 2, 22-38). Estes dois avós foram os primeiros a reconhecer Jesus. Acolheram-no, tomaram-no nos braços e compreenderam — só eles compreenderam — o que acontecia: que Deus estava ali, presente, e olhava para eles com os olhos de um Menino. Compreendeis? Estes dois idosos, só eles, vendo o Menino Jesus, compreenderam que tinha chegado o Messias, o Salvador que todos esperavam. Foram os idosos que compreenderam o Mistério!

Os idosos usam óculos — quase todos — mas veem longe. Porquê? Veem longe porque viveram muitos anos e têm muitas coisas para ensinar: por exemplo, como é terrível a guerra. Há muito tempo, aprendi isto com o meu avô, que tinha vivido em 1914, no Piave, a primeira guerra mundial e que, com as suas histórias, me fez compreender que a guerra é uma coisa horrível, que nunca se deve fazer. Também me ensinou uma bela canção, que ainda recordo. Quereis que vo-la diga? [resposta: “Sim!”]. Pensai bem, eis o que os soldados cantavam no Piave: “O general Cadorna escreveu à rainha: se quiseres olhar para Trieste, olha para ela num postal!”. É lindo! Os soldados cantavam assim.

Ide à procura dos vossos avós, não os marginalizeis, para o vosso próprio bem: «A marginalização dos idosos […] corrompe todas as estações da vida, não apenas a da velhice» (Catequese, 1 de junho de 2022). Na outra diocese, eu costumava visitar os lares de idosos e perguntava sempre: “Quantos filhos tem?” — “Muitos, muitos!” — “E eles vêm visitá-lo?” — “Sim, sim, sempre — lembro-me de um caso — vêm sempre”. E quando eu saía, a enfermeira dizia-me: “Que mulher bondosa, como encobre os filhos: vêm duas vezes por ano, não mais”. Os avós são generosos, podem encobrir as coisas negativas. Por favor, procurai os vossos avós, não os marginalizeis, é para o vosso próprio bem. A marginalização dos idosos corrompe todas as estações da vida, não apenas a da velhice. Gosto de o repetir. Vós, pelo contrário, aprendei a sabedoria do seu amor forte, e também da sua fragilidade, que é um “magistério” capaz de ensinar sem necessidade de palavras, um verdadeiro antídoto contra o endurecimento do coração: ajudar-vos-á a não vos nivelardes no presente e a saborear a vida como relação (cf. Bento XVI, Saudação na casa-família “Viva os idosos” , 12 de novembro de 2012). Mas não só: quando vós, avós e netos, idosos e jovens, estais juntos, quando vos encontrais e vos ouvis com frequência, quando cuidais uns dos outros, o vosso amor torna-se um sopro de ar puro que refresca o mundo e a sociedade, tornando todos nós mais fortes, para além dos laços de parentesco.

Foi a mensagem que Jesus nos transmitiu também da cruz quando, «vendo a mãe e, ao lado dela, o discípulo que Ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis aí o teu filho!”. Depois, disse ao discípulo: “Eis aí a tua mãe!”. E dessa hora em diante, o discípulo recebeu-o em sua casa» (Jo 19, 26-27). Com estas palavras, confiou-nos um milagre a realizar: o de nos amarmos a todos como uma grande família.

Caríssimos amigos, obrigado por estardes aqui e pelo que fazeis na Fundação “Idade Grande”! Juntos, unidos, sois exemplo e dom para todos. Lembro-me de vós na oração, abençoo-vos e recomendo-vos que não vos esqueçais de rezar por mim. Obrigado, muito obrigado!