No ritmo da vida sempre mais acelerado, corre-se o perigo de escolhas precipitadas com consequências prejudiciais na dimensão pessoal, familiar, eclesial e social.
O segundo dia da novena de Fátima em Erechim contemplou a virtude da prudência de Maria e na vida das pessoas, indispensável na tomada de decisões, nos empreendimentos, na condução de veículos, no falar e no agir.
Do segundo dia da novena até o oitavo, diariamente, as celebrações são a partir das virtudes cardeais, consideradas “dobradiças” ou “eixos, em torno dos quais se desenvolvem todas as outras virtudes e as teologais, dons de Deus que nos relacionam com Ele.
Na manhã e tarde do segundo dia da novena, 04/10, por ser o dia de São Francisco de Assis, protetor dos animais e padroeiro da ecologia, houve bênção de pets, pequenos animais de estimação.
O terço e a missa das 14h foram presididos pelo Pe. Valtuir Bolzan, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição, Getúlio Vargas, e assessor da Pastoral Familiar, com animação de integrantes do Encontro de Casais com Cristo (ECC), do Movimento de Cursilho de Cristandade (MCC) e do Movimento de Casais Jovens (MCJ).
A homilia do Pe. Valtuir
Depois da saudação inicial aos romeiros no Santuário e acompanhando pelas redes sociais, ressaltou que esse lugar transpira paz, tranquilidade, serenidade, oração.
Observou que atualmente a vida é sempre mais acelerada e exige decisões rápidas, o que demanda muita prudência, uma das virtudes cardeais, para que as escolhas sejam de acordo com a vontade de Deus. Conforme a leitura da celebração, do Livro dos Provérbio (8,12-21), a sabedoria e a prudência habitam juntas. Quem age com prudência sob a inspiração da sabedoria divina, decide com bom senso e executa com exatidão.
Pe. Bolzan, a partir da parábola das 10 jovens do evangelho de São Mateus (25,1-13), cinco prudentes e outras cinco não, enfatizou a necessidade da vigilância e prudência para aguardar o noivo e participar da festa do seu casamento. As jovens que não levaram óleo não puderam participa dela. O noivo é Cristo e todos devem estar preparados para sua vinda e poder participar do baquete eterno com Ele. A Virgem Maria foi prudente e fiel, servindo a Deus e aos irmãos. Prudentíssima no calar e no falar nos momentos oportunos – na anunciação de que seria a Mãe do Salvador, na visita dos pastores e dos magos por ocasião do nascimento dele, na apresentação do Menino no Templo, na pregação, paixão e morte dele. Ela guardava tudo em seu coração. Ensina o abandono nas mãos de Deus.
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Íntegra da homilia do Pe. Valtuir
Estimados romeiros e romeiras de Nossa Senhora de Fátima. Minha Saudação a todas as famílias aqui presentes e que rezam pelos meios sociais, hoje celebrando seu jubileu. Que bom estarmos na casa da Mãe! Viemos de diferentes lugares. Trazemos no coração muitos pedidos, agradecimentos e depositamos aos pés de Nossa Senhora de Fátima, nossa queridíssima Mãe.
Este lugar transpira paz, tranquilidade, serenidade, oração. Como Peregrinos de Esperança aqui estamos, para fortalecer a nossa ORAÇÃO, nossa DEVOÇÃO, meditando a “Virtude da Prudência em Maria e na vida da gente”.
A vida de hoje é muito corrida e exige de nós decisões práticas e rápidas, muitas vezes, a vida nos demanda – agilidade – para decidir e agir, então, certo é que nós devemos ter um coração prudente, pois é a virtude da prudência que nos auxilia nos momentos de decisão e ação, para que nossas escolhas e atitudes sejam de acordo com a vontade de Deus.
A virtude da prudência é uma das virtudes cardeais e são essas que atuam em nossas almas como “guia” de outras virtudes morais, ou seja, a alma que possui a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança, adquiri também todas as outras virtudes morais! A Prudência é a mãe das virtudes.
O texto bíblico dos Provérbios 8,12-21 que acabamos de ouvir, relatou que a Sabedoria é um dom de Deus que habita com a prudência, e que o princípio de encontrá-la é o temor do Senhor, o que implica em odiar o mal, a arrogância e a falsidade. A Sabedoria oferece conselhos, compreensão e força, sendo a base para a justiça dos governantes e é a fonte de riquezas duradouras para aqueles que a buscam diligentemente. A sabedoria Divina habita com a Prudência.
Quem age com prudência, examina com ponderação, resolve com bom senso e executa com exatidão.
A parábola das dez virgens, que do Evangelista Mateus destacam a necessidade de vigilância, prudência e preparo espiritual para a vinda do noivo (Jesus) e a vida eterna. O óleo representa a fé, o amor, o Espírito Santo e as boas obras, que não podem ser emprestados, mas precisam ser cultivados individualmente por meio de uma vida de obediência e retidão. A parábola enfatiza que a salvação é um ato pessoal de preparação, e a porta se fechará para aqueles que se descuidarem da sua preparação espiritual para o encontro com Deus.
Quando olhamos para a vida de Maria. Vemos que ela foi a Virgem prudentíssima.
Prudentíssima em relação ao fim que se propôs, que foi só de agradar sempre e em tudo a Deus e de servi-Lo e de amá-Lo com toda a capacidade de seu coração. Prudentíssima nos meios por Ela empregados, que foram escolhidos com ponderação e conselho. Prudentíssima em saber calar e saber falar em tempo oportuno. Em uma e outra coisa, Maria foi incomparável. Poderia ter falado, manifestando a José o mistério que se havia operado n’Ela, dissipando assim a perturbação do amantíssimo Esposo; mas isto seria revelar o segredo do Rei do Céu, isto se teria convertido em glória sua; preferiu, pois, calar e deixou que falasse Deus por meio do Anjo. Teria podido falar em Belém, quando Lhe foi recusada hospedagem, dando a conhecer a nobreza de sua origem, sua sublime dignidade: a humildade profunda e o desejo de sofrer, de conformar-se com o querer divino. Quantas coisas teria podido dizer aos Pastores e aos Magos que vieram visitar o Menino Jesus. Isto poderia ter perturbado a adoração e a contemplação desses santos personagens diante de Jesus: a glória de Deus, a caridade para com os Magos e os Pastores a impediram de falar e calou-se. Ouvia com admiração tudo o que diziam para a glória do Filho, de sua celeste doutrina, de seus milagres; Maria, mais que os outros, O admira em seu coração, e neste conserva com desvelo aquelas palavras e aqueles fatos.
O velho profeta Simeão Lhe prediz os destinos do Filho e seus futuros; Maria não acrescenta uma só palavra, pois está pronta para tudo, não exalta sua resignação, escuta, oferece-se a si mesma em holocausto junto com o Filho, e cala-se. Cala-se sob a Cruz, cala-se nas tribulações, nas humilhações, como, por modéstia, cala-se na alegria e na glória. Eis as provas admiráveis de prudência divina que nos oferece o silêncio de Maria. Mestra incomparável no calar quando se devia calar, mostrou-se também mestra insuperável no falar a tempo, no lugar e do modo conveniente. Falou ao Arcanjo São Gabriel e não podemos deixar de admirar a prudência de suas palavras. Falou à sua parenta Santa Isabel e suas palavras fizeram exultar de pura alegria, ainda antes de seu nascimento, o futuro Precursor de seu Filho. Suas palavras foram uma profissão de humildade, de gratidão, um cântico de louvor, um hino sublime de agradecimento a Deus. Falou com o Filho no Templo e suas palavras foram uma admirável demonstração de afeto e de solicitude maternais. Falou nas bodas de Cana e com suas palavras ficou patente sua compassiva misericórdia para com os necessitados e sua ilimitada confiança em Deus. Ó admirável prudência de Maria, prudência incomparável tanto no falar como no calar.
Com a virtude da Prudência, Maria nos ensina: A obediência a Deus, a confiança na Vontade Divina, silenciar para escutar e discernir a vontade Divina, a falar no tempo oportuno, a renunciar à nossa vontade, a romper com a teimosia e o imediatismo, e a abandonar-se nas mãos de Deus, buscando uma vida de amor e entrega. Tudo isso somos convidados a viver no coração de nossa FAMÍLIA.
Pe. Valtuir Bolzan.





