Solenidade
de Cristo Rei apresenta “Jesus como o centro e Senhor da história”, diz
liturgista
Por Nathália Queiroz
A Igreja celebra hoje (24) a Solenidade de
Cristo Rei, cujo sentido é “a apresentação de Jesus Cristo como centro e Senhor
da história. O senhorio de Cristo na história humana, na história do universo e
do mundo”, disse à ACI Digital o doutor em Liturgia, padre Geraldo Dias
Buziani, da arquidiocese de Mariana (MG). Trata-se da “afirmação de que Ele,
Cristo, é o princípio e o fim de todas as coisas”.
A
Solenidade de Cristo Rei foi instituída pelo papa Pio XI com a encíclica Quas
Primas de 11 de dezembro de 1925. “Quando foi instituída, a festa se revestia
fundamentalmente de um caráter mais social no sentido de resgatar a força, o
senhorio de Jesus Cristo, a força da Igreja diante de um mundo secular, do
secularismo que avançava”, disse o padre Buziani, pároco de Nossa Senhora da
Assunção, a catedral de Mariana, diretor de estudos e professor de Liturgia no
Instituto de Teologia São José, da arquidiocese de Mariana.
“A reforma litúrgica dá um significado
diferente para essa celebração sublinhando a sua dimensão escatológica do Rei e
a sua consumação final”, continuou ele. A festa, portanto, afirma a “primazia
do Senhor”.
O padre também ressalta que “olhar para essa
solenidade, é contemplar o cume do Tempo Comum que é um tempo de maturação da
vivência e do seguimento de Jesus Cristo. Aquilo que foi vivido ao longo do ano
é recapitulado em Cristo afirmando o seu senhorio sobre a história”.
Com a solenidade de hoje, termina o Ano B do
Ciclo Litúrgico e começa o Ano C, com as leituras do evangelho de São
Lucas. O padre aconselha a “acolher o
novo ciclo como um tempo de graça e de salvação”.
Para o liturgista, “a conclusão do Ano
Litúrgico é momento de gratidão, de agradecer por tudo aquilo que vivemos e ao
mesmo tempo recapitular todas as coisas em Cristo numa nova disposição de
prosseguir num crescimento espiritual com a força do Espírito Santo”, pois o
objetivo do Ano Litúrgico é “que a gente se configure cada vez mais a Jesus
Cristo e nos tornemos semelhantes a Ele”.
A Solenidade de Cristo Rei é um convite a
contemplar a realeza de Cristo
O Catecismo da Igreja Católica ensina no
numeral 786 que “Cristo exerce a sua realeza atraindo para si todos os homens
por sua morte e Ressurreição. Cristo Rei e Senhor do Universo, se fez servidor
de todos, não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em
resgate por muitos”.
“Acolher
no coração o sentido litúrgico e espiritual dessa solenidade”, disse o padre
Buziani, “é um convite para a gente contemplar o sentido da realeza de Cristo
que se dá no mistério pascal, no mistério da cruz, no esvaziamento”.
“O poder de Cristo, a realeza de Cristo se
manifesta no serviço de amor ao Pai e à humanidade e é princípio da verdadeira
liberdade do homem”, continuou o padre. “Viver essa solenidade significa a
gente traduzir essa realeza de Cristo no nosso cotidiano”.
Para o cristão reinar é servir
O numeral 786 do catecismo continua dizendo
que “para o cristão, reinar é servir, particularmente nos pobres e nos
sofredores, nos quais a Igreja reconhece a imagem do seu Fundador pobre e
sofredor. O povo de Deus realiza sua dignidade régia vivendo em conformidade
com esta vocação de servir com Cristo”.
Para viver bem o dia de Cristo Rei, o padre
Buziani orientou os fiéis a se perguntarem: “Como estou vivendo o mandamento do
amor, o mandamento do serviço, do amor aos irmãos, da atenção aos pobres?”.
Segundo ele, “no tempo de um secularismo, de
um individualismo muito grande, essa capacidade de ouvir o outro, de estar com
o outro, de gastar o tempo com os menos favorecidos, é uma expressão bela da
realeza e senhorio de Cristo na nossa própria vida”.
A solenidade de Cristo Rei e o início do
Tempo do Advento
“A proximidade de Cristo Rei com o Tempo do
Advento é propícia porque nos evoca a realeza de Cristo e nos evoca a Glória, a
consumação de todas as coisas n’Ele”, disse. O Advento “nos ajuda a refletir
sobre isso: não desejamos uma glória presente, mas sim uma glória futura”.
“A
grande característica do Tempo do Advento”, disse o padre Buziani, “é a
manifestação. O Senhor que veio, o Senhor que vem e o Senhor que virá. A
espiritualidade própria desse tempo é a vigilância. E a atitude fundamental da vigilância
é a caridade, o amor, a união com Cristo por meio da oração que nos transfigura
e nos faz assemelharmos cada vez mais ao Senhor”.
“A relação entre a Solenidade de Nosso Senhor
Jesus Cristo Rei do Universo e o início do Tempo do Advento nos reafirma que
devemos viver o tempo da manifestação, o tempo da vigilância, nessa segurança,
nessa força de que em Cristo nós vivemos, existimos e somos”, disse ele.
Portanto, conclui o padre, “como seguidores
d’Ele nós temos que reproduzir em nós o seu Evangelho, as suas palavras, os
seus ensinamentos, de um modo mais radical e fundamental, vivendo o mandamento
do amor”.
Fonte: ACIDigital