Notícia

Por que é tão importante rezar pelas almas dos falecidos?

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Cada cristão batizado é convidado a santificar-se ao longo de sua vida, deixando que a graça santificante recebida no santo batismo possa nele frutificar. Por isso, os que decidem viver plenamente o mistério pascal de Cristo não precisam ter medo da morte. Porque ele disse: “Eu sou a ressurreição e a vida”.

Enquanto para todos os seres humanos a morte é a única certeza absoluta, para os cristãos ela é a primeira de duas grandes certezas. A segunda é a ressurreição, que nos leva a aceitar o fim da vida terrena com compreensão e consolo. Para nós que cremos, a morte é um passo definitivo em direção à colheita dos frutos que plantamos aqui na terra.

Assim sendo, como Nosso Senhor Jesus Cristo está na glória do Pai, temos a garantia que será destruída a morte e a ele serão submetidas todas as coisas.

Alguns dos seus discípulos que peregrinaram por esta na terra, que passaram por esta vida estão se purificando e outros, enfim, gozam da glória contemplando a Deus para sempre. É por isso que precisar

Nossa oração pelos mortos

A Igreja nos ensina que as almas em purificação podem e devem ser socorridas pelas orações dos fiéis.

Assim, neste dia, que é dedicado à memória dos nossos antepassados e entes que já partiram e em todos os outros dias, devemos nos lembrar em oração dos que já faleceram.

Com nossas preces nos fazemos solidários para com os necessitados de luz e também as usamos para reflexão sobre nossa própria salvação.

Desde o século V já encontramos uma celebração da missa pelos mortos. Santo Isidoro de Sevilha, que presidiu dois concílios importantes, confirmou esse culto no século VII.

Tempos depois, no ano de 998, por determinação do abade Santo Odilo, todos os conventos beneditinos passaram, oficialmente, a celebrar “o dia de todas as almas”, que já ocorria na comunidade no dia seguinte à Festa de Todos os Santos que era celebrada no dia 01 de novembro. A partir de então, a data ganhou expressão em todo o mundo cristão.

Ao celebrar os fiéis defuntos, no dia 2 de novembro, a Igreja nos convida a rezar pelas almas dos que sofrem porque ainda não podem desfrutar da glória de Deus, como fazem os santos. Rezamos pelas almas que estão no purgatório. Lá estão, pois ainda precisam crescer no amor de Deus, ser purificadas antes de entrar no céu. Mas é importante recordar que céu, purgatório ou inferno não são lugares físicos, mas situações de vida pelas quais uma pessoa pode passar.

A realidade da comunhão dos santos nos ensina que podemos e devemos rezar pelos falecidos. Isso é um ato de misericórdia de nossa parte. Rezamos por eles como sinal da nossa fé na ressurreição: a de Jesus na manhã da Páscoa, mas também a nossa fé no último dia. Esta é a nossa esperança.

Também é importante participar da missa no dia 2 de novembro! No primeiro domingo de novembro celebramos nossos irmãos que estão na glória, os santos, e no dia 2 rezamos por aqueles que ainda não estão. Aproveitemos também dessa ocasião, se assim for necessário, para pedir ao Senhor que Ele nos console pela perda de um ente querido.

Santo Afonso de Ligório e o purgatório

Um episódio interessante na vida de Santo Afonso Maria de Ligório, fundador da Congregação Redentorista, se refere a uma santa religiosa, chamada Irmã Catarina de Santo Agostinho, que tinha o bom costume de rezar pelas almas do Purgatório, as que ela conhecia e também as desconhecidas.

Na cidade onde a religiosa morava, havia uma mulher conhecida pelo seu mau comportamento. O seu nome era Maria. Quando a mulher morreu, todos pensavam que ela já estivesse condenada, tanto que poucas pessoas compareceram ao seu funeral, mais pelo respeito aos familiares do que para rezar pela alma da falecida. Deve-se acrescentar que nem mesmo Irmã Catarina se preocupou em rezar por ela, porque também acreditava que a falecida Maria já estivesse entre as almas dos condenados.

Passaram-se então quatro anos. Um dia, a piedosa religiosa teve a visão de uma alma do purgatório que lhe disse: “Irmã Catarina, tendes o piedoso hábito de rezar pelos falecidos. Nós te agradecemos. Não faça exceção e reze também por mim!”.

“E quem é você?”, lhe perguntou então a religiosa.

“Sou a pobre Maria, morta, abandonada por todos e depois esquecida! Mas o que você me diz? Você está salva?

Sim, eu me salvei graças à intercessão de Nossa Senhora. Percebi que estava morrendo sozinha e indefesa, então me voltei para ela, dizendo: Ó, minha Rainha, refúgio dos pecadores e das pessoas abandonadas. Vede o meu estado de completo abandono e enviai-me logo o vosso auxílio!

A Virgem Santíssima ouviu a minha prece e veio em meu socorro, obtendo-me a graça de um arrependimento perfeito, salvando-me no meu leito de morte. Mas a piedade da divina Mãe não se limitou somente a isto.

Quando me encontrei perante o divino juiz, obteve-me a graça junto ao seu Filho divino, reduzindo significativamente o tempo que eu deveria passar no purgatório. Mas como a justiça divina não pode estar em conflito com os seus direitos, agora sofro mais intensamente, mas apenas por um período mais curto, para pagar minha dívida.

Agora só preciso de algumas missas na minha intenção. Logo que forem celebradas, vou me libertar desse sofrimento. Irmã, tende piedade de mim e faça celebrar na minha intenção! Prometo que não cessarei de rezar a Deus e à Virgem Santíssima por ti”. 

Oração pelas almas no Purgatório (de Santo Afonso Maria de Ligório)

Ó, dulcíssimo Jesus, pelo suor de sangue que derramaste no Getsêmani, tende misericórdia dessas almas benditas!

O dulcíssimo Jesus, pelas dores que sofrestes na vossa cruel flagelação, tende piedade dessas almas benditas.

O dulcíssimo Jesus, pelas dores que sofrestes na vossa dolorosa coroação de espinhos, tende piedade dessas almas benditas.

Ó, dulcíssimo Jesus, pelas dores que sofrestes levando a vossa cruz para o Calvário, tende piedade dessas almas benditas.

Ó, dulcíssimo Jesus, pelas dores que sofrestes na vossa cruel crucificação, tende piedade dessas almas benditas.

Ó, dulcíssimo Jesus, pelas dores que sofrestes na vossa amarga agonia na cruz, tende piedade dessas almas!

Ó, dulcíssimo Jesus, pela imensa dor que sofrestes, morrendo incompreensivelmente sozinho e rejeitado por todos, tende piedade dessas almas benditas. Amém!


Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida. Fonte: A12,com

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