Papa:
é preciso unidade e colaboração entre famílias, escolas e sociedade
Francisco
recebe em audiência uma delegação do Grupo Editorial "La Scuola", da
cidade italiana de Brescia, que também chegou a ser recebida por Paulo VI em
1965. Assim como na década de 60, o Pontífice encorajou a editora a continuar a
transmitir "confiança e ousadia" no trabalho que beneficia as futuras
gerações. E reiterou a importância do pacto educativo que une famílias, escolas
e sociedade, ao recordar uma passagem que viveu nos bancos escolares da
Argentina.
Andressa
Collet - Vatican News
O Papa
Francisco, assim como fez Paulo VI em 1965, recebeu em audiência nesta
quinta-feira (21/11) uma delegação do Grupo Editorial "La
Scuola", da cidade italiana de Brescia. O pai de São Paulo
VI chegou a contribuir com a fundação da empresa de inspiração católica que, em
2024, comemora 120 anos de produção editorial destinada a professores e alunos,
uma atuação que os distingue como líderes no setor educacional, da pré-escola
ao ensino médio. Audácia e louvores já reconhecidos e encorajados na década de
60 por Paulo VI que hoje, com Francisco, foram reforçados justamente por se
tratar de um trabalho que enaltece a "paixão pela educação e
a formação de instrutores" - mesmo tendo enfrentado a
concorrência de grandes editoras, a indiferença e os riscos em tempos difíceis.
Os
fundadores de “La Scuola” foram corajosos, reforçou o Papa em discurso, criando
inclusive "uma presença pedagógica de inspiração católica nas escolas
italianas", unindo "as inteligências de padres e de leigos
apaixonados pela educação das novas gerações". A editora
produz livros didáticos para estudantes de todos os níveis, revistas para
professores, obras pedagógicas e cursos de formação para professores, com a
consciência "de que formar crianças e jovens nos valores do Evangelho
significa dar uma contribuição essencial para uma sociedade de pessoas
responsáveis, capazes de construir laços de fraternidade com todos".
"Com
a ajuda de Deus, que vocês façam jus à sua história!" e ao exemplo dos
fundadores, reiterou o Papa, ao abordar a importância do trabalho da editora
para as novas gerações. Os professores formados terão a tarefa de transmitir
"confiança e ousadia"; os textos produzidos irão "desenvolver
uma sede de conhecimento e sabedoria" nos bancos escolares direcionados a
"uma humanidade fraterna".
As três linguagens da educação
"De
fato, a escola é, antes de tudo, um lugar onde se aprende a abrir a
mente e o coração para o mundo", disse Francisco, ao elencar
as três linguagens da educação: a do coração, "para se sentir
bem"; a da cabeça, "para pensar bem"; e a linguagem das
mãos, "para fazer bem".
"Mas
todas em harmonia: fazer o que se sente e o que se pensa; sentir o que se
pensa, o que se faz; pensar o que se sente e o que se faz. Essas três
linguagens unidas, todas. Essa visão é totalmente relevante hoje, quando
sentimos a necessidade de um pacto educativo capaz de unir as famílias, as
escolas e toda a sociedade” (Catequese, 28 de junho de 2023). E essa é a chave,
não é mesmo?"
Ao falar
sobre a união das escolas e da família, "que tem faltado nos últimos
tempos", advertiu ele, o Papa Francisco recordou através de uma passagem
vivida na Argentina do quanto, na sua infância, "havia grande unidade e
colaboração":
"Uma
vez eu disse um palavrão para a professora. Eu tinha 9 anos. A professora, uma
senhora que eu quero muito bem, cheguei a visitar ela até morrer, chamou a
minha mãe. Elas conversaram e depois me chamaram. A mamãe disse: 'pede
desculpas à professora'. Eu pedi desculpas. E voltei para a sala de aula feliz
por ter sido tão fácil, mas não era verdade. O segundo ato da peça foi quando
cheguei em casa e lá me deram o segundo ato. Havia uma unidade, não? Hoje em dia,
muitas vezes é ao contrário, não é? Os pais vão reclamar porque o professor fez
isso com a criança, fez aquilo com ela... é terrível isso. Mas voltar a essas
lembranças faz bem para nós."
Fonte:
Vatican News