Padre Zezinho,
scj, comenta publicação da encíclica sobre a devocão ao Sagrado Coração de
Jesus
Aos
83 anos, o padre José Fernandes de Oliveira, nacionalmente conhecido por padre
Zezinho, scj, recorda sua vida “marcada pela mística da misericórdia e da
compaixão que se inspira na devoção ao Sagrado Coração”. A motivação para dar
esse destaque é a encíclica Dilexit nos (Amou-vos), publicada pelo Papa
Francisco nesta quinta-feira, 24 de outubro.
Padre
Zezinho é membro da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, fundada
em 1878 pelo padre León Dehon, e conta que a Igreja possui mais de 120 grupos
de leigos, ordens e congregações dedicadas à adoração deste “coração
compassivo”.
O
próprio fundador dos padres dehonianos, como são conhecidos, é citado pelo Papa
Francisco na encíclica, quando desenvolve sobre a difusão da devoção ao Coração
de Cristo. O Papa lembra das “várias mulheres santas” que relataram
experiências de encontro com Cristo, “caracterizado pelo repouso no Coração do
Senhor, fonte de vida e de paz interior”. De León Dehon vem a consideração de
Santa Gertrudes e Santa Matilde entre “as mais íntimas confidentes do Sagrado
Coração”, contida no Diretório Espiritual dos padres do Sagrado Coração de
Jesus.
Santos
que difundiram a devoção
Padre
Zezinho também sublinha os mais de 100 beatos, santos e teólogos que “ensinaram
essa maneira de adorar Jesus como Sagrado Coração: divino e humano”. É nesse
sentido que o Papa cita Santo Agostinho, como aquele que “abriu o caminho para
a devoção ao Sagrado Coração como lugar de encontro pessoal com o Senhor”, além
de Santa Margarida Maria Alacoque, São Bernardo, São Boaventura, Santa
Lutgarda, Santa Matilde de Hackeborn, Santa Ângela de Foligno, Santa Gertrudes
de Helfta, São João Eudes, São Francisco de Sales, São Cláudio de La
Colombière, São Charles de Foucauld e Santa Teresa do Menino Jesus, entre
outros.
Adoração
ao Cristo vivo
Sobre
a adoração a Cristo em seu Sagrado Coração, Francisco recorda o ensinamento da
Igreja de que há a prática da veneração da imagem que O representa, “mas a
adoração dirige-se apenas a Cristo vivo, na sua divindade e em toda a sua
humanidade, para nos deixarmos abraçar pelo seu amor humano e divino”.
“Seja qual for a imagem utilizada, é certo
que o objeto de adoração é o Coração vivo de Cristo – e nunca uma imagem –,
porque faz parte do seu Corpo santíssimo e ressuscitado, inseparável do Filho
de Deus que o assumiu para sempre. Ele é adorado enquanto ‘o coração da pessoa
do Verbo a quem está unido de modo inseparável'”.
[…] “Por isso, ninguém deve pensar que esta
devoção nos possa separar ou distanciar de Jesus Cristo e do seu amor”, disse o
Papa.
Coração
manso e humilde
“A
carta do Papa Francisco será bem-vinda”, disse padre Zezinho na expectativa da
recepção do texto, quando é necessário redescobrir o coração manso e humilde de
Jesus, num mundo no qual “políticos, terroristas, ditadores, pregadores
católicos e evangélicos perderam a gentileza”. Há, em sua observação, o desejo
de convencimento e vitória a todo custo e a escolha de influenciadores por
pregarem “como novo boanerges”.
“Cospem fogo nos seus palcos, palanques e
púlpitos e pedem fogo do céu contra quem não crê como eles”, afirma o
religioso.
O
texto do Papa, por sua vez, traz o modo como Jesus ama: com gestos, olhar e
palavras, e a proposta de um novo aprofundamento sobre o amor de Cristo
representado no seu santo Coração. “Aí encontramos todo o Evangelho, aí está
sintetizada a verdade em que acreditamos, aí está tudo o que adoramos e
procuramos na fé, aí está o que mais precisamos”, escreveu Francisco.
O
pontífice também ressalta que o mundo pode mudar a partir do coração. É a
partir dele que as comunidades “serão capazes de unir e pacificar os diferentes
intelectos e vontades, para que o Espírito nos possa guiar como uma rede de
irmãos, porque a pacificação é também uma tarefa do coração”.
Francisco
também faz um convite a aprofundar a dimensão comunitária, social e missionária
de toda a autêntica devoção ao Coração de Cristo: no envio aos irmãos.
“É preciso voltar à Palavra de Deus para
reconhecer que a melhor resposta ao amor do seu Coração é o amor aos irmãos;
não há maior gesto que possamos oferecer-lhe para retribuir amor por amor”,
escreveu.
Francisco
recorda os ensinamentos das encíclicas sociais Laudato Si’ e Fratelli Tutti,
que podem ser descobertos a partir do que é expresso na encíclica sobre o
coração de Jesus: “Bebendo desse amor tornamo-nos capazes de tecer laços
fraternos, de reconhecer a dignidade de cada ser humano e de cuidar juntos da
nossa casa comum”.
E
para a Igreja, amor do coração de Cristo é necessário, para não ser substituído
“por estruturas ultrapassadas, obsessões de outros tempos, adoração da própria
mentalidade, fanatismos de todo o género que acabam por ocupar o lugar daquele
amor gratuito de Deus que liberta, vivifica, alegra o coração e alimenta as
comunidades”.
Fonte:
CNBB