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Papa: reestruturar o Fundo de Previdência, gestão atual gera déficit
Francisco
enviou uma carta aos cardeais, administradores e responsáveis de instituições
da Cúria Romana e de organismos ligados à Santa Sé pedindo "medidas
urgentes" para a estrutura da previdenciária, cuja gestão está no centro
da reforma econômica. Neste momento, escreve o Papa, não pode garantir "o
cumprimento da obrigação previdenciária para as gerações futuras".
Portanto, é preciso "sensibilidade e vontade de sacrifício por parte de
todos". O cardeal Farrell nomeado novo administrador único
Salvatore
Cernuzio – Vatican News
"Medidas
estruturais urgentes que não podem mais ser adiadas" para o Fundo de
Previdência, a fim de alcançar a sustentabilidade e garantir uma previdência
para as gerações futuras, algo que atualmente não é possível garantir a médio
prazo. O sistema atual gera um grande “déficit”. Depois da carta de 16 de
setembro a todos os cardeais a fim de colaborarem para uma implementação mais
incisiva da reforma econômica, para alcançar o objetivo do “déficit zero”, o
Papa enviou uma nova carta, nesta quinta-feira (21/11), pedindo mais esforço e
até sacrifício, e solicitando a reestruturação do Fundo de Previdência. Em
março deste ano, com um Motu Proprio, Francisco modificou o Regulamento e,
antes disso, em 2015, realizou uma profunda revisão do Estatuto.
Na carta,
divulgada nesta quinta-feira, endereçada ao Colégio dos Cardeais, aos
administradores e responsáveis pelas Instituições Curiais, pelos Departamentos
da Cúria Romana e pelas Instituições ligadas à Santa Sé, o Santo Padre pede uma
melhor gestão dessa estrutura que desde a sua criação tem sido objeto de
“preocupação” dos Pontífices anteriores e no centro da reforma econômica.
Preocupação que na citada carta de setembro, escreveu o Papa Bergoglio, foi um
dos principais temas das Congregações Gerais antes do Conclave.
Cardeal Farrell administrador único
Além
disso, na carta, assinada em 19 de novembro, mas divulgada nesta quinta-feira,
o Papa anuncia a decisão de nomear o cardeal Kevin Farrell, atualmente prefeito
do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, camerlengo da Santa Igreja
Romana, presidente da Comissão de Assuntos Reservados e do Comitê de
Investimentos, administrador único do Fundo de Previdência. Uma escolha,
explica o Papa, que neste momento é “um passo essencial para responder aos
desafios que o nosso sistema de previdência social deverá enfrentar no futuro”.
Decisões e sacrifícios difíceis
No
documento, Francisco lembra que o período atual é marcado por “problemas graves
e complexos que correm o risco de piorar se não forem tratados prontamente”.
Portanto, são necessárias medidas urgentes que requerem “decisões nada fáceis
que exigirão particular sensibilidade, generosidade e vontade de sacrifício de
todos”.
Estudos e análises
Ao longo
do tempo houve pessoas que se debruçaram sobre esta questão e "foram
responsavelmente animadas pela preocupação de garantir um modelo de previdência
justo e a favor da comunidade a serviço da Santa Sé e do Estado e de cumprir a
responsabilidade moral de proporcionar benefícios dignos a quem tem direito,
compatíveis com os recursos econômicos disponíveis", sublinha o Papa. Para
este objetivo, foram realizados vários estudos dos quais emergiu que "a
atual gestão previdenciária, tendo em conta o patrimônio disponível, gera um
déficit significativo". Análises mais aprofundadas, realizadas por
especialistas independentes, revelam outro fato, ou seja, “um grave
desequilíbrio prospectivo do Fundo, cuja dimensão tende a aumentar ao longo do
tempo na ausência de intervenções”. Em outras palavras, sublinha o Papa
Francisco, “significa que o sistema atual não é capaz de garantir o cumprimento
da obrigação previdenciária para as gerações futuras a médio prazo”.
Equidade entre gerações
Por isso,
o Papa pede “medidas estruturais urgentes”, sem nenhum adiamento, para alcançar
a sustentabilidade do Fundo de Previdência “no contexto mais geral dos
limitados recursos disponíveis de toda a organização”. Junto com isso, “é
urgentemente necessária uma cobertura previdenciária adequada para os
funcionários atuais e futuros, numa perspectiva de justiça e equidade entre as
diferentes gerações”.
Uma mudança "nova e inevitável"
"Embora
eu tenha apreciado a contribuição ponderada daqueles que lidaram com esse
assunto delicado nos últimos anos, agora acredito que é indispensável passar
por essa nova fase, que é fundamental para a estabilidade e o bem-estar de
nossa comunidade, com prontidão e unidade de visão para que atitudes
necessárias possam ser prontamente implementadas”, escreve o Papa Francisco na
conclusão da carta. Ele pede a todos uma colaboração especial para facilitar
esse “novo e inevitável” percurso de mudança.
Fonte:
Vatican News