Missa de Finados no Santuário Nacional: “Todos nós somos
romeiros da eternidade, romeiros do céu"
Fiéis
recordam entes falecidos em Santa Missa presidida por Dom Joércio Pereira,
C.Ss.R.
Escrito
por Luciana Gianesini
Na
manhã deste sábado, 2 de
novembro, Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, o Santuário Nacional de Aparecida foi o
ponto de encontro para centenas de fiéis que, em romaria ou peregrinação pessoal,
participaram da Santa Missa das 9h.
A
celebração, presidida por Dom Joércio
Gonçalves Pereira, C.Ss.R., bispo emérito de Coari (AM), e animada pelo padre Helder José, C.Ss.R., foi
marcada por momentos de profunda oração e reflexão sobre a passagem para a vida eterna. A data,
dedicada a rezar pelos falecidos, ganha no Santuário um significado especial,
onde o tema da esperança se destaca em
meio à saudade.
Durante
a homilia, Dom Joércio iniciou
sua mensagem destacando que a morte,
para o cristão, não representa o fim, mas a continuação de uma vida junto a
Deus. Ele afirmou:
“Nós
nascemos não para morrer, nós nascemos para viver. Por isso que nós temos que viver a nossa vida com Deus, porque o nosso
destino também é Deus. A morte é apenas uma porta necessária e todos nós
vamos passar por ela. Mas a certeza é que do outro lado nós não vamos cair no
vazio, nós vamos cair nos braços do Pai. Eis a eternidade feliz: cair nos braços do Pai”. (cf. 2 Coríntios 5,1)
Dom
Joércio incentivou os presentes a refletirem sobre a realidade da morte, não como algo distante, mas como uma parte da vida
de cada um.
“Meu
irmão e minha irmã, neste dia de hoje é
importante você tomar consciência que você também vai morrer. A gente
não acredita muito nisso, não. A gente vai na morte dos outros. Vamos ao
velório, vamos no cemitério, mas é a morte dos outros. E a gente não gosta de pensar na própria morte. E cada dia que
passa tá chegando. Você também vai morrer. Pense nisso, que o dia de hoje é propício pra você tomar
consciência que aqui você está de passagem. Você não tem morada fixa aqui”
(cf. Salmo 90,10).
O
bispo prosseguiu, comparando a vida
cristã a uma romaria espiritual:
“Todos nós, como você está
fazendo hoje a sua romaria em Aparecida, somos romeiros da eternidade, Romeiros
do céu. Então, meu irmão, minha irmã, tome consciência: eu vou morrer.” Dom
Joércio Gonçalves Pereira, C.Ss.R., Bispo emérito de Coari (AM)
Segundo
ele, essa consciência deve levar cada
um a fazer o bem, evitando o mal. “Se você tomar consciência disso,
garanto, tem muita coisa que você faz que você vai deixar de fazer, sobretudo o
mal. E muita coisa que você ainda não está fazendo, você vai começar a fazer.” Para
ele, o verdadeiro propósito da vida
está em viver bem, inspirando-se no exemplo de Jesus, que passou pelo
mundo fazendo o bem (cf. Atos 10,38).
Referindo-se
ao Evangelho de São Mateus, Dom
Joércio recordou a importância de praticar
obras de misericórdia.
“A
única coisa que nós vamos levar daqui é
o bem que nós fazemos. E Jesus já deixou para nós como que vai ser o
exame final: no Evangelho de São Mateus,
o bem que nós fazemos para os outros. ‘Eu tive fome, você me deu de comer. Eu
tive sede, você me deu de beber. Eu era estrangeiro, você me acolheu. Eu estava
nu, você me vestiu. Eu estava doente, você cuidou, me visitou. Eu estava na
prisão e você foi me visitar’” (cf. Mateus 25,35-36).
Para
o bispo, a vida cristã deve ser
fundamentada no amor e na caridade, de modo que a partida de cada um
seja marcada por um legado de boas obras. Ao final da homilia, Dom Joércio
destacou a importância de viver com
esperança e gratidão.
“Precisamos ter esperança. A nossa
vida, gente, é uma vida tão gostosa, tão boa, que ela não pode acabar. Nós não
nascemos para acabar, porque nós somos
de Deus, temos a vida de Deus. A nossa vida não pode acabar com a morte.
Ela tem que continuar. E pela
esperança, pela fé que nós temos, e pela vivência do amor, da caridade, do
nosso dia a dia, a certeza que nós temos da eternidade feliz” (cf. 1 Coríntios 15,54-55).
Ele
lembrou ainda que o Dia de Finados deve
ser um momento de gratidão, um dia para oferecer as almas queridas a Deus.
“Agradeça a Deus por esta pessoa querida da sua família. Agradeça a Deus. E
ofereça esta pessoa para Deus. Não queira para você o que não é de você. Todos
somos de Deus e ofereça esta pessoa para Deus, porque Deus merece” (cf. Romanos 14,8).
Dom
Joércio concluiu sua homilia com uma reflexão sobre o legado que cada cristão deve deixar. O bispo enfatizou que,
para o cristão, a morte é um momento de semeadura, onde as boas obras continuam
a frutificar mesmo após a partida.
“Vamos
aprender a viver de um modo diferente,
de um modo novo, para que quando chegar o nosso dia, nós não sejamos enterrados, mas que sejamos
semeados. Porque muitos frutos bons, eles irão ainda colher da nossa
vida.”
Ele
encerrou com um convite aos fiéis a
aproveitarem o Dia de Finados para visitar o cemitério e rezar, não
apenas pelos seus familiares, mas por
todos os falecidos, inclusive aqueles que partiram sozinhos, sem ninguém
que reze por eles (cf. João 12,24).
Ao
final da celebração, os fiéis elevaram
sua gratidão pela acolhida e pelo conforto que encontram em Maria,
consagrando-se à Mãe Aparecida.
Mais
que um local de peregrinação, a Casa da Mãe é, para todos nós, um refúgio de esperança e renovação, onde,
sustentados pela fé e pela intercessão de Nossa Senhora, seguimos firmes
na certeza de que a vida eterna é o
destino de todos os que se firmam em Deus.
Fonte:
A12.com