Isaque de Nínive
inserido no Martirológio Romano
Na
manhã deste sábado, 9 de novembro, o Papa anunciou durante a audiência com o
catholicos Mar AwaIl a inclusão de Isaque de Nínive no Martirológio Romano. O
monge e bispo da segunda metade do século VII está entre os Padres mais
venerados da tradição sírio-oriental. O Dicastério para a Promoção da Unidade
dos Cristãos: “A inclusão no Martirológio mostra que a santidade não se detém
às separações e existe além das fronteiras confessionais”
Vatican News
Santo Isaque de Nínive, também conhecido como isaque,
o Sírio, um dos mais venerados Padres da tradição sírio-oriental, será incluído
no Martirológio Romano. Isso foi anunciado nesta manhã, (09/11), pelo Papa
Francisco durante a audiência no Vaticano com Sua Santidade Mar Awa III,
Patriarca Catholicos da Igreja Assíria do Oriente, por ocasião do 30º
aniversário da Declaração Cristológica Conjunta entre a Igreja Católica e a
Igreja Assíria e do 40º aniversário da primeira visita a Roma de um Patriarca
Assírio.
O anúncio do Papa
Durante seu discurso, o Papa falou da “unidade na fé”
que, segundo ele, “já foi alcançada pelos santos das nossas Igrejas. Eles são
nossos melhores guias no caminho para em direção da plena comunhão”. Ele então
anunciou que o “grande Isaque de Nínive” seria introduzido no Martirológio
Romano.
Monge e bispo
Monge e bispo na segunda metade do século VII, Santo
Isaque pertencia à tradição pré-efesita, ou seja, às Igrejas da tradição
assírio-caldeia. Nascido no que hoje é o Qatar, onde teve sua primeira
experiência monástica, foi ordenado bispo da cidade de Nínive, perto da atual
Mosul (Iraque), pelo catholicos de Seleucia-Ctesiphon, Jorge I. Após alguns
meses de episcopado, ele pediu para voltar à vida monástica e se retirou n
mosteiro de Rabban Shabur em Beth Huzaye (atual sudoeste do Irã).
No mosteiro compôs várias coleções de discursos com
conteúdo ascético-espiritual que o tornaram famoso. Apesar de pertencer a uma
Igreja que não estava mais em comunhão com nenhuma outra, pois não havia
aceitado o Concílio de Éfeso de 431, os escritos de Isaque foram traduzidos
para todos os idiomas falados pelos cristãos: grego, árabe, latim, georgiano,
eslavo, etíope, romeno e outros. Assim, Isaque tornou-se uma importante
autoridade espiritual, especialmente nos círculos monásticos de todas as
tradições, que rapidamente o veneraram entre seus santos e padres.
A santidade além das separações e das fronteiras
confessionais
Como o Dicastério para a Promoção da Unidade dos
Cristãos sublinha em uma nota, “a inclusão de Isaque, o Sírio, no Martirológio
Romano mostra que a santidade não se detém às separações e existe além das
fronteiras confessionais”. O Concílio Vaticano II declarou: “É digno e salutar
reconhecer as riquezas de Cristo e as obras de virtude na vida de outros que
dão testemunho de Cristo, às vezes até à efusão do sangue” (Unitatis
Redintegratio). São João Paulo II, por sua vez, declarou que “a communio
sanctorum fala mais alto do que os fatores de divisão” (Tertio Millenio Adveniente)
e que “em uma visão teocêntrica, nós cristãos já temos um martirológio comum” (Ut
Unum Sint). O recente Sínodo sobre a Sinodalidade, enfatiza o Dicastério,
também lembrou que “o exemplo dos santos e das testemunhas da fé de outras
Igrejas e Comunhões cristãs é um dom que podemos receber incluindo a memória
deles em nosso calendário litúrgico” (Documento Final). O Dicastério para a
Unidade dos Cristãos “espera que a inclusão no Martirológio Romano de Isaque de
Nínive, testemunha do precioso patrimônio espiritual cristão do Oriente Médio,
contribua para a redescoberta de seu ensinamento e para a unidade de todos os
discípulos de Cristo”.
Fonte:
Vatican News