Dom Evaristo Spengler fala da
canonização de São José Allamano
Bispo
de Roraima ressalta a alegria do milagre que comprovou a santidade do Padre ter
ocorrido na floresta amazônica
Escrito
por Alberto Andrade
Dentre os 14 novos santos
canonizados no dia 20 de outubro em Roma, na Itália, está o agora São José Allamano, fundador dos Institutos
dos Missionários da Consolata e das Irmãs Missionárias da Consolata,
após o reconhecimento de um milagre
ocorrido em uma missão, mostrando o valor intercultural na proclamação
do Evangelho, a Missão Catrimani.
O Papa Francisco disse, ao final da celebração Eucarística na Basílica de São Pedro, que a
canonização do Beato José Allamano nos recorda a necessária atenção
às populações mais frágeis e vulneráveis.
“Penso
em particular no povo Yanomami, da
floresta amazônica brasileira, entre cujos membros ocorreu o milagre ligado à
canonização de hoje. Apelo às autoridades políticas e civis para que garantam a proteção destes povos e dos seus
direitos fundamentais e contra qualquer forma de exploração da sua
dignidade e dos seus territórios”.
Os
consolatas chegaram na região em 1965,
para cuidar do povo Yanomami, sempre ameaçado e hoje morrendo lentamente em
consequência dos ataques realizados pela mineração ilegal, que polui
seus rios e os explora de várias maneiras. A missão foi realizada por meio de
um modelo de missão baseado no respeito e no diálogo, que se traduz em ações concretas em defesa da vida, da cultura, do
território e da floresta, da Casa Comum.
Milagre para o reconhecimento
No
dia 7 de fevereiro de 1996, o Beato
Allamano intercedeu em favor do indígena Yanomami Sorino, que vivia na
Missão Catrimani. A cura milagrosa do indígena, em uma época em que a medicina tradicional e a ciência médica só podiam
esperar sua morte, depois de ter sido atacado por uma onça, que abriu
seu crânio, foi fruto da oração fervorosa das Irmãs Missionárias da Consolata, pedindo a intercessão de seu fundador no
primeiro dia da novena dedicada a ele.
São
José Allamano é uma referência não apenas para aqueles que seguem sua
espiritualidade, mas também para a
Igreja de Roraima, representada na canonização por seu atual bispo, Dom
Evaristo Spengler, que falou ao
A12 do testemunho da cura que promoveu o religioso a ser um novo santo.
“Quando
o indígena foi atacado e ao ver o estado dele, todos disseram que não tinha mais chance de sobreviver. Uma irmã,
chamada Felicita, começou a fazer a limpeza do crânio e também relatou que não tinha o que fazer e era pra levá-lo ao
hospital de Boa Vista (RR), e quando os outros índios forçaram para que o Yanomami morresse em seu território, essa
irmã pegou um santinho do Beato Allamano, e colocou embaixo da cabeça de
Sorino e ela chamou o socorro aéreo, e o indígena foi levado ao hospital.
A
própria vida da irmã estava em risco, pois
os outros índios ameaçaram a religiosa que se Sorino morresse, ela seria
flechada! As irmãs consolatas entraram
em oração pedindo mais uma vez a intercessão do beato para a cura do indígena,
e milagrosamente foi se recuperando! Hoje,
ele tem 65 anos e não tem nenhuma sequela!”.
O
bispo fala do legado de São José
Allamano para as causas indígenas e também para o povo de Deus.
“Acontecer
o milagre com um indígena yanomami, e
operado pelo fundador dos Missionários da Consolata, agora santo, para nós é
simbólico. Significa que Deus está nos dando um sinal de que esse é o
caminho, a aliança com os povos
indígenas, com os mais fragilizados da sociedade, esse é o caminho onde
acontece o Reino de Deus neste momento, onde
Deus quer a sua Igreja. A presença de Deus está forte na vida deles, e nós temos que fazer essa escuta, é Deus que
se revelou no passado, viu o sofrimento do seu povo, desceu para
libertá-lo, e está escutando esse povo
hoje de formas diferentes”.
Fonte:
A12.com