“Caminho para a paz” dos jovens da Coreia do Norte e
do Sul
O ano de 2025 será um ano muito
significativo, pois celebra o 80º aniversário da libertação e o 80º aniversário
da divisão da Península Coreana; será também o 30º aniversário de fundação da
"Comissão para a Reconciliação da Coreia" e o 10º aniversário do
Instituto para a Partilha da Paz.
Vatican News
"Ttiattmeori",
palavra coreana que significa "amor e amizade entre irmãos e irmãs",
é o nome de uma organização na qual jovens norte-coreanos, que fugiram do país,
e jovens sul-coreanos se reúnem para dialogar, construir amizades e até
partilhar sua fé.
"Ttiattmeori" é
dirigida por uma Congregação religiosa, chamada "Beatos mártires
coreanos", cujo objetivo é ajudar os jovens norte-coreanos a se integrar e
se estabelecer no Sul. O grupo organizou um especial "Concerto pela
Paz" e um encontro público de diálogo, durante o qual os jovens
norte-coreanos puderam contar suas histórias, “com o coração aberto”, e ouvir
outros jovens mediante uma conversa autêntica. Com efeito, disseram: “Fazer a
experiência da fé e manter a unidade espiritual juntos é, para nós, de grande
serventia para um maior entrosamento na sociedade sul-coreana”.
O profundo diálogo entre os
jovens foi um dos momentos importantes do “Fórum de Partilha da Paz da
Península Coreana 2024”: um dia de reflexão e debate organizado, nos últimos
dias, pela “Comissão de Reconciliação Coreana” da Arquidiocese de Seul.
Participaram do Fórum, que se realiza todos os anos, o Arcebispo de Seul, Peter
Soon-taick Chung, e Dom Giovanni Gaspari, Núncio Apostólico do Vaticano na
Coreia, além de vários embaixadores e diplomatas.
No seu discurso de abertura,
Dom Peter Soon-taick Chung, que também é Administrador Apostólico de Pyongyang,
delineou o tema do Fórum, “Caminho para a Paz”: “Este caminho pode parecer
longo e árduo, mas não devemos perder a esperança. Espero suscitar a esperança
mediante a reflexão sobre o papel da Igreja e as diversas formas de
solidariedade pela paz na península coreana e no mundo”.
Por sua vez, o Núncio
Apostólico na Coreia, Dom Giovanni Gaspari, citou a Encíclica do Papa
Francisco, “Fratelli Tutti” (271), segundo a qual “as religiões têm o dever de
oferecer uma significativa contribuição para a construção da fraternidade e a
defesa da justiça na sociedade”. E acrescentou: “A fraternidade é uma
alternativa à guerra, outro horizonte possível. Este caminho deve ser
percorrido juntos, homens e mulheres da terra, cristãos e não cristãos, por um
mundo pacífico”.
Heinz-Gerhard Justenhoven,
teólogo leigo alemão, foi convidado a intervir no encontro. De fato, explicou o
valor da “reconciliação” como pré-requisito para a unificação alemã. Ele tratou
também do papel da Igreja Católica, fazendo a seguinte observação: “A oração
pela paz foi crucial para a unificação alemã”.
Agora, após o nono ano
consecutivo, o Fórum pretende responder ao apelo da Igreja para promover a paz
na Península Coreana. Por isso, o Institute for Peace-Sharing (Instituto para a
Partilha da Paz), organização fundada pela "Comissão para a Reconciliação
da Coreia", apresentou dois projetos. Yiseul Seraphina Choi, membro da
“Thomas Society”, grupo de pesquisas, formado por jovens católicos, afiliados
ao Institute for Peace-Sharing, destacou a importância de propagar os
ensinamentos da Igreja na sociedade civil coreana, ou seja, entre todos os
cidadãos; falou ainda sobre a função específica do clero católico como “ponte e
antena” para a sensibilização das consciências. O grupo de investigadores
entrevistaram cerca de 5.700 sacerdotes coreanos sobre as suas atitudes em
relação à paz e à reconciliação: 82% concordou sobre a necessidade de
unificação, percentagem muito superior à taxa de resposta do público em geral
(43%) ou dos fiéis católicos (49%).
O ano de 2025, segundo uma nota
do Institute for Peace-Sharing, será um ano muito significativo, pois celebra o
80º aniversário da libertação e o 80º aniversário da divisão da Península
Coreana; será também o 30º aniversário de fundação da "Comissão para a
Reconciliação da Coreia" e o 10º aniversário do Instituto para a Partilha
da Paz.
A edição do Fórum do próximo
ano será, portanto, particularmente significativa. Como contribuição para o
evento, a Thomas Society desenvolverá um programa para partilhar reflexões
sobre o papel específico da juventude para a construção da paz na Península
Coreana, em vista da Jornada Mundial da Juventude, que se realizará em Seul, em
2027.
(Agência Fides)
Fonte: Vatican News