São José – Patris Cordis
Dia
19 de março a Igreja celebra o dia de José de Nazaré, esposo de Maria e pai de
coração (patris cordis) de Jesus. Sobre José não há uma única palavra de sua
boca que tenha sido registrada nos Evangelhos. Ele não é lembrado por
seus méritos, mas por causa de Jesus e de sua esposa. A Sagrada Escritura
menciona o anúncio do anjo sobre a gravidez de Maria somente depois das núpcias
de Maria e José. José, não sabendo que Maria havia concebido pelo Espírito
Santo, tinha direito de repudiá-la, considerando-a culpada de adultério. Por
ser justo, porém, tenta abandoná-la em segredo, pois percebe que, mesmo num
eventual divórcio privado na presença de apenas algumas testemunhas, poderia
lançar sobre Maria a suspeita popular de adultério.
Trabalhar como carpinteiro foi uma profissão que
possivelmente José herdou do pai, uma vez que era costume da época o pai
transmitir a profissão ao filho. Portanto, desde a adolescência José pertencia
à categoria dos artesãos.
Sendo que a profissão é transmitida de pai para filho,
provavelmente Jesus também foi carpinteiro em virtude da herança recebida de
seu pai. Jesus deve ser compreendido no contexto cultural da época, portanto,
em perfeita sintonia com a realidade familiar na qual vivia até mesmo no
quesito “profissão”. Defendemos, em sintonia com a Tradição, que Jesus foi
carpinteiro porque seu pai era um carpinteiro.
O fato de Maria ter um noivo foi importante dentro do
contexto da cultura judaica para poder ser a mãe do salvador. Nesse sentido,
para ser mãe, Maria deveria estar legalmente casada para ser acolhida sem
repreensão por seu povo.
A questão do matrimônio entre José e Maria estava tão certa,
por isso fora de discussão aos olhos de todos, que José era considerado por
todos como o pai de Jesus e Jesus como sendo seu filho legítimo (cf. Lc 2,27)
A paternidade de José, foi um dom de Deus, por isso dotada
do que é essencial para qualquer paternidade dando-lhe plenamente a consciência
de seus direitos e deveres, tanto é verdade que embora nem fosse necessário
a presença de Maria para o recenseamento em Belém, pois não era de descendência
e nem da família de Davi, tampouco proprietária de qualquer imóvel em Belém.
José e Maria foram até lá para não se encontrarem separados naquele momento
importante do nascimento de Jesus. José foi, depois de Maria, o primeiro
adorador de Jesus, Filho de Deus; ele o circuncidou, apresentou-o no Templo,
conduziu-o com cuidado e carinho juntamente com Maria para o Egito e depois os
trouxe de volta para Nazaré. Ele depois providenciará laboriosamente com seu
trabalho o sustento de Jesus e Maria.
Para ser justo com José temos que retornar ao Evangelho para
continuar chamando José simplesmente de “pai de Jesus” sem acrescentar qualquer
adjetivo a esse título. A paternidade não está vinculada à questão biológica na
geração da prole, mas ao vínculo matrimonial. O caso de José e Maria é único na
história.