Peregrinações e indulgências durante o
ano Jubilar
Cardeal Orani João Tempesta - Arcebispo do
Rio de Janeiro (RJ)
Como
bem sabemos a Igreja viverá no próximo um ano jubilar em comemoração aos 2025 anos
do nascimento de Jesus, pois, a cada vinte e cinco anos a Igreja prepara e vive
um Jubileu. Nesse Jubileu comemora-se também os sessenta anos de encerramento
do Concílio Ecumênico Vaticano II, por isso, ao longo do ano passado foram
publicados os 34 volumes intitulados como peregrinos da esperança, sobre os
documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II em preparação ao Jubileu. Eu mesmo
fiz questão de publicar um resumo de cada um dos 34 volumes publicados pelas
edições da CNBB para conhecermos melhor os conteúdos conciliares. Estes são
sempre atuais e nos ajudam a viver mais a Igreja sinodal! Nesse ano também
estaremos comemorando 1.700 anos do importante Concílio de Niceia.
De
fato, nesse ano jubilar, todos nós seremos peregrinos da esperança e chamados a
peregrinar até as Igrejas escolhidas de cada diocese como pontos de
peregrinação, entrar nessas Igrejas e participar da celebração da missa,
confessar-se, receber a indulgência plenária e meditar a Palavra de
Deus.
O
ano jubilar terá seu início em Roma, no dia 24 de dezembro com a abertura da
porta Santa da Basílica de São Pedro e irá até a festa da Sagrada Família de
2025, pois esse ano jubilar é para comemorar os dois mil e vinte e cinco anos
do nascimento de Jesus Cristo. A cada 25 anos a Igreja celebra o jubileu
ordinário, e o último foi em dois mil, e o próximo será em dois mil e
cinquenta.
Normalmente
durante esses anos jubilares ou de alguma comemoração importante para a vida
dos fiéis, a Igreja oferece as indulgencias plenárias. Indulgência: É a
remissão, pela Igreja, da pena temporal que ainda permanece após a absolvição
dos pecados. Enquanto a confissão (ou sacramento da penitência) perdoa a culpa
do pecado, a indulgência busca reduzir ou eliminar a penalidade que ainda pode
ser devida. Por isso, a indulgência plenária é o perdão de todas penas devidas
pelos pecados já absolvidos. Mas, para receber a indulgência é necessário estar
em estado de graça, ou seja, ter realizado a confissão recentemente, participar
da comunhão, rezar pelo Papa e pela Igreja, visitar os cemitérios e exercer uma
ação de caridade.
Por
isso, ao longo do ano santo da esperança entre dezembro desse ano até dezembro
do ano que vem procure visitar, peregrinar, até uma Igreja que seja ponto de
peregrinação dentro de nossa Arquidiocese. Relembro que a Porta Santa será
somente na Basílica de Roma; de maneira que para que assim o fiel passe pela
porta santa, faça as orações e receba indulgência plenária, ou seja, o perdão
de todos os pecados.
Indulgência
segundo o manual aprovado pelo Papa Paulo VI, na Constituição das Indulgências
(1967) diz: “Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal
devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente
disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a
qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o
tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos” (Norma 1 do Manual das
Indulgências).
O
Catecismo da Igreja Católica nos diz: “Pelas indulgências, os fiéis podem
obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas
temporais, sequelas dos pecados” (n. 1498).
Meus
irmãos, observamos que tanto o Papa São Paulo VI quanto o Catecismo da Igreja
Católica seguem a mesma linha de raciocínio, ou seja, por meio da indulgência
plenária recebemos o perdão dos pecados, mas para isso é necessário estar em
estado de graça, com a confissão em dia. Do mesmo modo que a confissão, é
necessário estar disposto para receber a indulgência, ou seja, é preciso querer
recebê-la.
Também
é possível oferecer o perdão dos pecados, ou seja, a indulgência em favor de
alguém que conhecemos e até mesmo de quem já tenha falecido (isso é muito
salientado na Semana da Comemoração dos fiéis defuntos – finados). Para isso é
necessário estar em estado de graça, ter a disposição de rezar por quem deseja
que receba o perdão dos pecados.
A
indulgência plenária anula todas as penas temporais que a alma teria de cumprir
no purgatório para chegar à santificação perfeita. A indulgência parcial
cancela parte dessas penas.
O
pecado tem duas consequências, a culpa e a pena. A culpa é perdoada na
confissão. A pena, que é a desordem que o pecado provoca no pecador, na Igreja
e nos outros, e que precisa ser reparada, é eliminada pela indulgência que pode
ser plenária (total) ou parcial.
De
acordo com o manual de indulgências que mencionamos, para se ganhar uma
indulgência plenária para si mesmo ou para as almas, deve-se fazer: Uma
confissão individual rejeitando todos os pecados, receber a Sagrada Eucaristia,
e rezar um Pai Nosso, Ave-Maria e glória ao Pai pelo Papa. Não é necessário que
tudo seja feito no mesmo dia, mas é necessário pelo menos estar com a confissão
em dia para receber a indulgência.
Além
disso podemos sugerir também fazer algumas dessas práticas: Adoração ao
Santíssimo Sacramento, por pelo menos meia hora; Leitura espiritual da Sagrada
Escritura, ao menos por meia hora; Realizar a Via Sacra; ou ainda recitar o
Rosário de Nossa Senhora na Igreja, oratório, na família ou na comunidade, tudo
isso nos edifica espiritualmente e nos aproxima de Deus.
Em
nossa arquidiocese, durante o ano jubilar, além das basílicas menores e dos
santuários designados já previstos, cada vicariato territorial terá uma igreja
jubilar. Todas estas Igrejas fixarão o distintivo à porta do templo a fim de
identificá-las. Nestes “lugares sagrados de acolhimento e espaços privilegiados
para gerar esperança”1, cada pároco ou reitor deve usar da criatividade
pastoral para favorecer o propósito do jubileu, adotando uma postura de
acolhimento alegre, disponível e generoso bem como a formação de equipes de
acolhida e catequese, entre outros. Isso incluiu a realização de peregrinações,
visitas, Missas para o Ano Santo, a administração do sacramento da Confissão,
como também momentos de formação, oração e celebração.
As
Igrejas jubilares em nossa Arquidiocese são:
Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro – Centro
Basílica
menor da Imaculada Conceição – Botafogo
Basílica
menor do Imaculado Coração de Maria – Méier
Basílica
menor de N. Sra. de Lourdes – Vila Isabel
Basílica
menor de Santa Teresinha – Tijuca
Basílica
menor de N. Sra. da Penha – Penha
Basílica
menor de São Sebastião – Tijuca
Basílica
menor São João Batista da Lagoa – Botafogo
Santuário
Arquidiocesano do Cristo Redentor – Corcovado
Santuário
Arquidiocesano da Mãe e Rainha três vezes admirável de Schoenstatt – Vargem
Pequena
Santuário
Arquidiocesano de N. Sra. de Fátima – Recreio
Santuário
Arquidiocesano de N. Sra. das Graças da Medalha Milagrosa – Tijuca
Santuário
Arquidiocesano N. Sra. do Loreto – Freguesia
Santuário
Arquidiocesano da Divina Misericórdia – Vila Valqueire
Paróquia
São Jerônimo – Coelho Neto
Paróquia
Imaculada Conceição – Recreio
Paróquia
N. Sra. do Desterro – Campo Grande
Paróquia
N. Sra. da Conceição – Campinho
Paróquia
N. Sra. da Apresentação – Irajá
Paróquia
N. Sra. da Conceição – Realengo
Paróquia
N. Sra. da Conceição – Santa Cruz
Todos
devem ser alcançados por este tesouro de graças do Ano Santo! É a nossa missão
convidar, divulgar e encorajar os fiéis e todas as pessoas de cada vicariato
territorial para a celebração jubilar vicarial. Como missionários, precisamos
investir na divulgação criativa, virtual e pessoal para que ninguém se sinta
excluído da graça de Deus.
Teremos
outras atividades, peregrinações e caminhadas que estão previstas em nossa
carta pastoral sobre o ano jubilar, MISSÃO, ESPERANÇA E PAZ, publicada no dia
20 de outubro deste ano.
Procuremos
nesse Ano Santo Jubilar da Esperança, entre dezembro desse ano até dezembro do
ano que vem visitar alguma Igreja escolhida pela Arquidiocese como local de
peregrinação e receber a indulgência plenária. Além de receber a indulgência
coloquemos nossa vida espiritual em dia através da confissão sacramental e
dessas outras práticas que citamos. Que de fato seja um ano Santo para toda a
Igreja. Amém.