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Usar os bens materiais com a Sabedoria divina

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Usar os bens materiais com a Sabedoria divina

Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese neste 26º Domingo do Tempo Comum e Dia Nacional da Bíblia.

Prezados irmãos e irmãs. A Liturgia da Palavra volta a insistir sobre o uso dos bens materiais e a forma com que usufruímos destes que, de um lado, é um bem importante a ser partilhado com generosidade e, de outro, traz consigo o perigo de um apego exagerado e uma forma autossuficiente de viver, distanciando o ser humano de Deus e dos irmãos.  

O Evangelho nos apresenta a Parábola do homem rico e do pobre Lázaro como uma verdadeira catequese sobre o uso dos bens materiais. O homem rico colocava sua confiança nos bens materiais e não se importava com os outros. Embora os bens possam ser considerados um dom, quando não é colocado a serviço da vida e do bem de todos, passa a ser um caminho de perdição e conduz à morte. Quando usufruídos com sabedoria e para o bem de todos através da partilha e solidariedade, torna-se um sinal de bênção e graça de Deus. O pobre Lázaro mencionado no Evangelho é a expressão de que à porta de todos nós se encontram pessoas que precisam de ajuda e são merecedores da misericórdia humana. Desta forma aprendemos a agradecer os bens que possuímos e a dividir com generosidade o que pode ser útil a outros menos favorecidos. Já o profeta Amós, na Primeira Leitura, recorda que Deus não se agrada com a injustiça, com o egoísmo e com o mal causado pelo sistema individualista que distancia o homem cada vez mais de si mesmo, dos outros e do próprio Deus.

O Salmo responsorial (Sl 145) revela a ação misericordiosa de Deus: “O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos que são oprimidos; ele dá alimento aos famintos, é o Senhor quem liberta os cativos; abre os olhos aos cegos…, faz erguer-se o caído; ama aquele que é justo. É o Senhor quem protege o estrangeiro. Ele ampara a viúva e o órfão… O Senhor reinará para sempre e por todos os séculos”. O salmista faz ver que o Deus de Israel é um “Deus vivo”, compassivo, voltado aos últimos da sociedade. Crer em Deus implica em incorporar seu modo de ser.

Na Segunda Leitura, de modo diverso do restante da liturgia, se preocupa com a característica do homem novo, homem de Deus que se preocupa com os outros e é justo em seu proceder diante do projeto de Deus apresentado por Jesus. Torna-se homem novo todo aquele que se deixa guiar pela sabedoria divina expressa nas Sagradas Escrituras. Este deve ser o nosso modelo de viver.

Caros irmãos e irmãs. Ao celebrarmos também o Dia Nacional da Bíblia, e ao nos depararmos com o ensinamento que a liturgia nos traz, podemos sem dúvida, ter presente que ela nos ensina a caminhar orientados pelo projeto de Deus. Com a aclamação ao Evangelho já compreendemos isto: “Pela Palavra de Deus, saberemos por onde andar. Ela é luz e verdade, precisamos acreditar”.

É na comunidade que os dons são reconhecidos e onde nos fortalecemos na escuta e compreensão da Palavra de Deus. Mas é também na família e no nosso dia a dia que devemos buscar na Palavra de Deus, a fonte de inspiração para vivermos a nossa vida cristã. Ao concluirmos este mês da Bíblia, lembramos que ela deve ser o “livro de cabeceira” no qual, com respeito e atenção, mergulhamos em Deus e com Ele trilhamos o caminho da justiça, do amor e da solidariedade, alimentando em nós o desejo de alcançarmos a graça da salvação. Portanto, que possamos acolher, amar, viver e anunciar com fidelidade a Palavra de Deus e como o pobre Lázaro, gozarmos das alegrias eternas.

Deus abençoe a todos e bom domingo.

Dom Adimir Antonio Mazali

Bispo Diocesano de Erexim – RS

Erechim, 28 de setembro de 2025