
Contemplar Deus num menino, como fez Simeão
Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Uma saudação especial a todos os consagrados (as) na passagem de seu dia e a gratidão pelo testemunho de vida e fidelidade no seguimento ao Senhor.
No contexto do Ano Jubilar, neste domingo celebramos a Festa da Apresentação de Jesus no Templo por Maria e José. Essa Festa é celebrada 40 dias após o Natal e revela que a Família de Nazaré estava plenamente inserida na tradição de seu povo.
Prezados irmãos e irmãs. São Lucas diz primeiramente que Jesus, recém-nascido, fora apresentado aos “pastores” (Lc 2,16-17), que eram pessoas humildes; depois, realizou-se a “apresentação oficial”, no Templo, “ao Senhor” (Lc 2,22), como prescreve a Lei de Moisés (Ex 13,1-2).
Maria e José, “quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor” (Lc 2,22). A Lei prescrevia a necessidade dos rituais de purificação depois do parto (Lv 12,1-8) e estabelecia que o filho primogênito fosse consagrado ao Senhor (Ex 13,2.12). Cumprindo com esse ritual, Jesus, o primogênito, é oferecido ao Pai. Apresentá-lo a Deus Pai significa reconhecer que Deus é a fonte da vida. Assim, vemos que, em Jesus cumpre-se a profecia de Zacarias, que disse: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e libertou o seu povo” (Lc 1,68-69).
“Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus” (Lc 2,28). “Simeão” significa “Deus ouve”. Ele representa todo homem que ouve a Palavra de Deus! Por isso se diz de Simeão que ele era “justo e piedoso e esperava a consolação do povo de Israel” e “o Espírito Santo estava com ele” e ele “não morreria antes de ver o Senhor” (Lc 2,25-26). Simeão é aquele que “coloca Deus em primeiro lugar”. Ele representa o povo de Israel que está aberto para acolher a Deus, que em Jesus vem visitá-lo.
Conduzido pelo Espírito, Simeão foi ao Templo para acolhê-lo. Tomou-o nos braços: gesto que expressa a melhor demonstração de ternura para com o Salvador, que se fez pequeno. Seus braços tornaram-se o sacrário vivo que acolheu o Cristo e, olhando para aquela criança, bendisse a Deus (Lc 2,28) dizendo: “Agora, Senhor, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos, luz para iluminar as nações e glória de teu povo Israel” (Lc 2,29-32).
Caros irmãos e irmãs. Ao ver o rosto de Deus naquela criança e ao acolhê-la em seus braços, Simeão teve a certeza de que podia “partir em paz”, pois havia contemplado a “salvação” de Deus. Ele ficou plenamente realizado. Este acontecimento mostra que somente Deus plenifica o coração humano. Quando ocorre isso, o medo da morte se desfaz, pois Deus é a plenitude do humano. Somente quem se encontra com o Salvador, Jesus Cristo, encontra alegria e sentido em seu viver e pode partir em paz.
Jesus é a salvação preparada por Deus a todos os povos (Lc 2,31), não somente a Israel. Assim diz a Carta aos Efésios: “Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo e beneficiários da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho” (Ef 3,6).
Depois de abençoar Maria e José, Simeão, que representa o Israel justo, que esperava e reconhecia o Messias, disse a Maria que este menino será causa de queda e de reerguimento e um sinal de contradição para muitos em Israel (Lc 2,34). Significa que muitos, os pobres, o acolherão como Salvador e guia; porém, outros irão opor-se a Ele. Essa é a ‘Palavra’ que, como espada de dois gumes, traspassará o coração de Maria e de cada discípulo que o segue. Ana, com 84 anos (doze vezes sete), na plenitude de sua existência, contempla Deus nesse menino e o anuncia a todos.
Irmãos e irmãs. Acolher Jesus, como fez Simeão e Ana significa optar por sua proposta, tornando-se seus discípulos missionários, anunciando ao mundo sua presença salvadora.
Deus abençoe a todos e bom domingo.
Dom Adimir Antonio Mazali
Bispo Diocesano de Erexim – RS